Mensagem de Plenilúnio 2013

Demos coesão e impulso a nossos esforços por desenvolver-nos espiritualmente. Procuremos ser coerentes, de maneira que todas nossas expressões condigam com a vocação de renuncia que abraçamos.

A palavra move, o exemplo conduz, porém só o dar-se transforma. Através desta iluminadora frase estudemos em nos mesmos cada uma dessas expressões para caminhar em direção a uma vida coerente.

Vivamos com coerência através de nossa palavra! Expressamo-nos por meio da linguagem verbal, escrita e gestos. Mas não só expressamos o que pensamos e sentimos, também que através da linguagem transmitimos nossos estados interiores. Além disso, a palavra transmite energia, nossa energia. Por isso a palavra move. É a potência criadora que transforma a matéria em mente e em mente a matéria. A ideia se concretiza, a força para realiza-la se ativa e a obra sonhada começa a transformar - se em fatos. A palavra convocou os primeiros Filhos a se reunirem e com sua resposta nasceu o Corpo Místico de Cafh. A palavra é um imenso poder posto em nossas mãos e sob nossa responsabilidade.

Experimentamos esse poder quando o chamado interior ecoou em nós e nos moveu a assumir com um voto expresso o compromisso de desenvolver-nos. Essa voz, a voz de nossa vocação, já não pode ser apagada. A cegueira, a inconsciência, deram lugar à luz. Tomamos consciência de que desenvolver-nos é nosso destino inevitável. Não podemos ignorá-lo nem encobrir esta realidade: nossa vida ganha sentido se nos desenvolvemos. Surge então a pergunta de como podemos alcançar este desenvolvimento? E são palavras e o que elas transmitem o que nos movem a ativar nossas forças, a encaminhar nossos passos, a responder com ações consequentes.

Sabemos que a riqueza de nossa própria experiência é o que verdadeiramente dá força e convicção a nossa palavra. O que estimula as almas e aviva nelas a necessidade de expandir sua consciência não são somente as ideias que se desenvolvem, mas também a força da palavra viva, a que emana de nosso desenvolvimento, de nossa fidelidade à Obra de Cafh, de nossa profunda adesão à Ideia da Renuncia.

Esta palavra, fruto de nosso trabalho interior profundo e comprometido, por um lado fomenta em nós a necessidade de manter o esforço por desenvolver-nos e, por outro, impulsiona aos que a escuta a fazê-la efetiva em sua própria vida e assim desenvolver-se.

É nosso compromisso difundir as ideias de Cafh através de nossa palavra; é por isto que devemos ser muito conscientes de que o que dá força a nossa mensagem é o testemunho da própria renuncia.

Analisemos cuidadosamente o que dizemos para assegurar-nos de que condiga com nossos princípios e ideais. Recordemos que a coerência, mais que uma virtude, é uma atitude de vida, expressão do amor real. As incoerências surgem quando existem outros interesses envolvidos no caminho da oferenda, da renuncia de si mesmo.

Vivamos com coerência através de nosso exemplo! Ao começo, o desenvolvimento espiritual é algo que compreendemos e do que podemos falar. Nosso entusiasmo e convicção nos movem e movem a outros. No entanto, sabemos bem que os movimentos emotivos não bastam para desenvolver-nos.

Comprovamos que quando conseguimos que haja coerência entre todas as formas em que nos expressamos e nosso ideal espiritual, geramos bem estar e harmonia.

Se bem que alcançamos este ideal em forma gradual, o que nunca nos deve ocorrer, é que deixemos de nos esforçar por alcançá-lo. Não há duvidas de que o desenvolvimento é um processo e que um processo implica vida, movimento, busca permanente e dinâmica.

Ao colocar em prática nossas ideias espirituais vamos abrindo de maneira efetiva um caminho de desenvolvimento. Assim é como, através de nossas respostas nobres e responsáveis à vida, temos a possibilidade de ser um exemplo, uma referencia para as almas.

Para nós, ser um exemplo não é ser um modelo a ser imitado, mas ser quem, por sua integridade e plenitude interior, desperta em outros sua própria capacidade de viver com plenitude. Quando somos plenos pela generosidade em que vivemos e pela atenção completa ao presente como nossa melhor e mais real oportunidade de dar-nos, de expandir nossa consciência e de abrir nosso coração, somos referencias do que o caminho da renuncia produz na alma.

Quando somos referência, quer dizer, quando todo nosso fazer reflete uma vida interior plena, comprometida e consciente, nosso exemplo não cria dependência em outros, senão que desperta neles a força que os leva a descobrir seus próprios recursos e valores. Quem é referência vive para a humanidade. O que busca é satisfazer as necessidades reais do ser humano. Para cumprir esta missão não podemos estar revivendo o passado, lamentando o presente nem iludindo-nos com o futuro.

Quando vivemos profundamente nossa vida interior, o que projetamos para o exterior, nosso exemplo de vida, se converte em uma chama que acende o fogo do amor em outros, porque ativa suas melhores possibilidades. Quem é referência não fica sonhando sobre o que poderia ser, senão que vai construindo os sonhos na realidade de cada momento. Nem tão pouco teme expor-se ao julgamento, porque não tem nada para ocultar. Se bem não se projeta como modelo a seguir, porque conhece e reconhece suas falhas, não deixa de trabalhar para superá-las.

Através de nosso exemplo de vida cada um de nós mostra como, apesar de suas características, experiências, limitações e fortalezas particulares, pode contribuir com algo positivo e construtivo à humanidade através do desenvolvimento de sua consciência.

Para ser uma referencia necessitamos fortalecer nossa vontade com o esforço, com um trabalho ascético-místico perseverante e esmerado que nos dê a possibilidade de desenvolver as aptidões idôneas para desenvolver-nos.

Vivamos com coerência através da doação de nós mesmos! Aqui não há espaço para dúvidas nem mudanças. O dar-se implica a oferenda da totalidade do ser e uma vez que se decidiu que isso é o que dá sentido a sua vida, não há como voltar atrás. O dar-se transforma tanto ao que se dá como ao meio no qual vive; cria-se uma nova possibilidade. A força que gera a oferenda de vida se multiplica em obras de bem porque leva as pessoas a se identificarem com valores nobres ao comprovar que alguém os vive.

O dar-se, essa entrega sem reservas ao processo de desenvolvimento com tudo o que ele implica, é a expressão de uma decisão que abarca toda a vida e que se manifesta tanto na forma de resolver um pequeno detalhe como nas grandes decisões. É fruto do amor que não titubeia e resultado de uma fidelidade que nada consegue distorcer ou desviar e que não permite relaxar ou permitir-se dar menos do que se pode realmente dar de si. Quem se oferenda não olha para trás nem reclama uma compensação pelo que deu. Somente pensa que seguramente pôde dar mais em cada instante que viveu.

Dar-se, afinal, é viver sempre não só na Presença Divina mas também na presença de todas as almas.

Para que a vocação de renuncia se concretize como uma possibilidade real e acessível às almas tem que ser plasmada através de nossa experiência. Cuidemos, então, das palavras que usamos; atentos ao seu conteúdo e à intenção que as move para dar vida através delas à mensagem da Renuncia.

Cuidemos do que fazemos e como o fazemos, para que a mensagem que passamos com nosso exemplo de vida seja para o adiantamento e bem de todos os seres humanos. Cuidemos da nossa vida interior, para que a força de nossa oferenda desperte o potencial de desenvolvimento nas almas. Realizemos este maravilhoso sonho de amor dando vida a nossa palavra, poder a nosso exemplo e realidade a nossa oferenda.

2013 Cafh

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