Mensagem de Plenilúnio 2017

A inclusão: um caminho em direção a união universal


As viagens espaciais e os avanços tecnológicos têm feito com que seja impossível continuar visualizando-nos como um mundo separado. Comumente expressamos esta nova consciência dizendo que estamos todos navegando em um mesmo barco. No entanto, como humanidade, falta-nos muito para tomarmos plena consciência de que formamos um só corpo místico. Apesar de nos darmos conta de que não podemos fazer nada que, em alguma medida, não afete aos demais, em geral, essa consciência não prevalece em nossas ações e escolhas diárias. Os grandes grupos humanos coexistem, porém competem entre si e temem ser atacados uns pelos outros. A corrida armamentista e as lutas políticas e econômicas que ocorrem no mundo de hoje são uma clara evidência disto. Não obstante estamos convencidos de que no coração de cada ser humano há um profundo e sincero anseio de paz e harmonia, de encontrar um caminho para a unidade.

Por isto, não podemos ficar de braços cruzados esperando ver o que acontece. Cada um de nós tem que assumir sua responsabilidade por esta situação e trabalhar com decisão pela união de todos os seres humanos.

Nossa ensinança nos diz que existe um Plano Divino e que temos uma missão conjunta para cumprir: colaborar plenamente com esse Plano Divino. Ninguém fica fora da lei que necessariamente se cumpre. Nossa missão, como um grupo dentro do grande conjunto humano, é desenvolver a mística do coração. Centremos nossa tarefa em expressar nosso amor através de uma ação concreta: trabalhemos para desenvolver em nossas almas uma atitude de inclusão que nos leve a consolidar a almejada união. Abramos generosamente a porta de nosso coração para que ninguém fique de fora.

Recordemos que na primeira etapa de nosso ingresso no Caminho somos orientados a renunciar a nossos gostos. Essa renúncia é o primeiro passo para a inclusão. O fato de que gostemos de algo implica que não gostamos de outras coisas, ou que gostamos menos. O identificar-nos com os nossos gostos pode induzir-nos a excluir quem tem outras preferências. Renunciar aos gostos não é anulá-los, mas ter claro o lugar que lhes damos em nossa vida, de maneira que não limitem as nossas escolhas.

Com nossos gostos definimos nossa personalidade corrente. Com eles nos diferenciamos, nos distinguimos e de alguma maneira nos separamos dos demais. Em geral, não só queremos ser diferentes, mas também melhores que os outros. Daí surgem a competição, a egolatria, o desprezo, as comparações e as segregações, quando não as guerras e os massacres.

Se queremos realmente cumprir a nossa missão como Filhos e Filhas de Cafh, não podemos estar limitados por nossos gostos e inclinações. Necessitamos mirar o bem comum e abrir mão de outras opções para cumprir com este objetivo. O que aconteceria, se todos os dias deixássemos de fazer algo de que gostamos para fazer o que não gostamos ou não nos atrai? Seguramente iríamos descobrindo qualidades ou aspectos favoráveis onde antes não víamos. É uma maneira muito simples de desenvolver uma atitude mais participativa e inclusiva, de ampliar o campo de nosso interesse e de expandir nossa consciência.

A segunda orientação que recebemos a respeito de como fazer vida a renúncia nos convida à renúncia de bens. A não posse é a base da Economia Providencial: tomar consciência de que nada nos pertence em realidade. Somos administradores dos bens da vida. Esta convicção se traduz naturalmente em uma atitude inclusiva: nenhum bem é nosso para se usar de forma indiscriminada. Cuidamos de cada coisa por ser um patrimônio comum, pelo amor que cada coisa merece. Esta consciência cria uma relação muito diferente com todos os bens e nos capacita para dar o melhor uso para cada bem que manejamos, seja material, mental ou espiritual. Ao tomar consciência de que todos os bens não são próprios, mas da humanidade, nem usamos mais do que o necessário, nem nos acreditamos generosos por dar parte do nosso tempo, energia e recursos para os que necessitam. A prática continuada da economia providencial vai criando em nós a capacidade e a fortaleza necessárias para trabalhar pelo bem comum.

A terceira orientação que recebemos nos induz à renúncia de vida. Como se implementa, como se pratica para que nos leve a ser mais inclusivos? Deixando de viver apenas para cumprir nossos objetivos pessoais. Isto significa uma troca de objetivos. Já não procuramos somente sentir-nos bem, nem buscar uma posição de destaque em qualquer âmbito com o objetivo de nos considerar superiores aos outros ou obter poder. Nosso anseio é dar-nos sem pedir nada em troca: amar por amar. Não esperamos nada mais da vida que já nos tem dado tanto. Só procuramos devolver para o bem de todos o que temos recebido, oxalá multiplicado e enriquecido pelo que temos podido aprender e elaborar interiormente.

A inclusão é um processo. Vamos incluindo na medida em que descobrimos e reconhecemos que mais de uma vez excluímos, discriminamos, nos separamos, fazemos diferenças por preconceitos. Isto se evidencia em nosso trato, em nossos pensamentos e sentimentos, em nossas expressões verbais, em nossos julgamentos, em nossos critérios e valores. Estando atentos e analisando cuidadosamente e com equanimidade, podemos ir reconhecendo o que temos que mudar e onde devemos ampliar nossas intenções. Aqui é onde a honestidade com nós mesmos desempenha um papel importante. É a luz que vai iluminando até os recantos mais escuros de nossa alma para poder avançar neste maravilhoso processo de desenvolvimento.

Para que a inclusão não seja uma mudança superficial, um espelhismo de nossa mente, uma mera aspiração, a mudança tem que estar baseada no desenvolvimento espiritual da alma. Há coisas que nos separam, como por exemplo, o temor. O temor de perder algo pode fazer-nos ver o outro como um inimigo, uma ameaça, um perigo. Para superar esse temor baseemos a nossa vida em valores intrínsecos e não nos extrínsecos. Para curar ou cuidar dos enfermos, um profissional de saúde não pode estar temendo o contágio. Isso não significa que não tome as precauções sensatas para não se contagiar ao fazer seu trabalho. Mas o seu sentido de oferenda às almas e o seu desejo de seguir ajudando, permitem-lhe confiar na integridade e capacidade de seu corpo de manter-se sadio para servir aos outros.

A inclusão é o caminho que nos permite ir para a unidade essencial. Isto não se logra através de uma ocasional tomada de consciência do que somos, nem é algo de um momento. Exige transcender limites. Criamos limites quando nos deixamos levar por nossos impulsos para prevalecer, ser mais do que os outros, sobressair e ser notados.

A inclusão é um processo maravilhoso que espontaneamente acrescenta todas as nossas possibilidades. Para que algo se integre à nossa consciência temos que interessar-nos por esse algo. Esse interesse nos leva a pôr atenção e a atenção nos leva a aprender, a incorporar informação que amplia nossas intenções. Ao compreender o que ignorávamos abre-se uma porta que nos chama a expandir nosso amor.

Para uma criança ainda não moldada pelo meio, o diferente às vezes lhe desperta temor, agrado ou desagrado, às vezes, curiosidade, mas não desprezo nem ódio. Estes sentimentos são criados por nossa mente para prevalecer sobre outros. O processo místico, ao trabalhar sobre o logro da egoência, leva-nos a apreciar e a ver em todo o criado uma expressão do divino.

Necessitamos viver em união, aceitando-nos como companheiros de caminho com um único destino: cumprir a missão que nos cabe no Plano Divino sobre a Terra! Não há tempo a perder. Não esperemos que os demais se integrem ao nosso molde. Comecemos por incluir quem está ao nosso lado. Sacudamos a indiferença, o desamor, a raiva, a impaciência, a soberba, o egoísmo e tudo o que nos separa uns dos outros. Atendamos à voz de nossa consciência que nos diz muito claramente que estamos navegando em um mesmo barco. O destino nos uniu. Conduzamos a nave sensatamente.

Com convicção e confiança, consagremos a nossa existência para ser um ponto de inflexão. Embora a humanidade tenha vivido e segue vivendo experiências que até negam a vida, o desenvolvimento espiritual mostra a possibilidade de viverem os irmãos em união.

Nossa ação se potencializa quando nasce do amor. Projetemo-nos para o futuro visualizando o que queremos fazer de nós mesmos. Alentemo-nos com o compromisso de dar a cada dia um passinho para estarmos mais próximos da Divina Mãe.

2017 Cafh
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